quarta-feira, 13 de maio de 2015

Unus pro omnibus, omnes pro uno?


Percebo muitas vezes que vivo em uma pequena caixa repleta de escorpiões. Qualquer movimento mal dado basta para ser picado. Também é como se vivesse um constante jogo de xadrez. Olhando um pequeno movimento de alguém que não deveria ser meu adversário, mas se faz como, é preciso o maior cuidado em prever todos os possíveis movimentos futuros. Estão sempre armando uma situação de xeque-mate. Estressante, agonizante e triste. Assim é o mundo da pesquisa e dos pesquisadores. Pelo menos onde vivo. O psicanalista Flávio Gikovate diz que "exige humildade intelectual: não se ver como mais sábio, ponderado e inteligente". Mas não é isso que vejo. Quase todos são "o máximo" nesse meio.  Poucos tem humildade intelectual. Um colega me disse que existem três maneiras de se resolver um impasse, um conflito: pela lógica, pelo ego e pelo dolo. Pois o que aqui vejo, na ordem, é usar o ego e depois o dolo. Que se dane a lógica. Ainda que se veja que o trabalho de outrem é melhor o ego cega e usa-se o dolo para denegrir, mentir, acusar e atropelar o outro. 

No livro "Política. Quem Manda, Por que Manda, Como Manda" de João Ubaldo Ribeiro, vemos que a política é parte integrante de nossa vida. Negociamos o tempo todo. Em família, no clube, na sociedade, em nosso trabalho. Em suma somos, queiramos ou não, políticos em todo o lugar. Mas existe um espaço imensurável  entre política e politicagem. Politicagem é a política que tem por objetivo atender aos interesses pessoais ou trocar favores particulares em benefício próprio(1). A política é arte de centralizar, comandar e gerenciar as massas, fazendo uso de vários recursos para fazer e criar o seu domínio(1). Mas a política é para o benefício e não para prejuízo. Deve incluir. Tanto é que seus antônimos passam por intolerância, unilateralismo, etc. Ou seja, a politicagem. Para mim é claro que nesse meu sujo e fétido castelo reina a politicagem. Nenhum interesse público é levado em consideração, exceto se for absolutamente igual ao interesse pessoal. As traições são tão comuns que dariam inveja em Hamlet. Pois é, "tem algo de podre no reino da Dinamarca". E assim como em Hamlet existe aqui também sempre um fantasma querendo vingar alguma coisa. E os favores são trocados entre os ratos de esgoto que propagam uma espécie de peste negra que, se não tomarmos cuidado, nos pega, nos enche de bulbos e nos faz tão lixo quanto os demais.

Pois a famosa frase de "Os três Mosqueteiros" de A. Dumas e que aparece no domo central do Palácio Federal da Suíça, "Unus pro omnibus, omnes pro uno", se tivesse que ser colocada nesse castelo em que vivo deveria ser trocada para " Omnes pro uno, omnes pro uno, Quoniam suus ' me!" (todos por um, todos por um. Desde que seja eu).


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(1) - Dicionario inFormal - http://www.dicionarioinformal.com.br

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