segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Deus me livre - ou melhor - os votos me livrem

Jesus veio ao mundo em uma época bem difícil. Roma havia conquistado quase todo o mundo. Não fez mais por não haver interesse econômico. O povo temia as centúrias e os guardas pretorianos apavoravam com seus uniformes negros. O povo pagava impostos exorbitantes para Roma. Roma sabia quantos eram, quem eram e onde viviam. Nada escapava. O ambiente político era terrível. Os nobres hebreus mais se preocupavam na "fatrifagia" por poder político do que com o povo. Fariseus e Saduceus se alternavam no poder com jogo sujo da política que se misturava com a religão. O povo oprimido temia a Deus pelas leis que os sacerdotes não cumpriam. Nesse lugar aportou Jesus.

Ele pregou nas sinagogas, no Templo e nas ruas. Em nenhum momento Jesus tratou da revolta política ou misturou os dois temas. Os sacerdotes e seus asseclas até que tentaram. Não se sabe ao certo se queriam fazer Jesus ir contra Roma ou apenas saber se Jesus iria contra Roma (para o apoiar?). Certamente iriam usar o mais conveniente para se manter no poder. Jesus "sacou" no ar. 

É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele lhes disse: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram. (Mateus 22:16-22)


Nessa frase Jesus separa política de religião. Dentro de cada religião pontuam-se aquilo que ela deve lutar: vida, saúde, alimentação e segurança. Cada um deve pensar como votar para proporcionar para a maioria da população o que é melhor. Não se vota para que a sua religião seja a que governe. Se vota para uma população. A religião não pode tomar o poder. Não deve! Religião é de Deus, o poder terreno é de César. Toda vez que uma religião assume o poder terreno acontece uma guerra fatricida. Pouco importa qual religião. Não se pode aceitar que a religião "mande" na política. É um erro!

Jesus nunca disse um único "a" sobre a política, pelo contrário, condenou a forma como os reis se apossavam da religião para obter o poder. Jesus poderia bradar e lutar contra o poder Romano pois este oprimia o povo. Jesus nada disse. Mostrou a Pilatos que a autoridade que ele tinha era dada por Deus. E ainda assim se subjugou a ela. Jesus separou esses poderes assim como a moeda romana tinha dois lados. Num deles havia a face de César. 

Quando um candidato ou candidata se curva em seu programa de governo aos apelos da religião corremos o risco de deixarmos de ter um governo laico. Absolutismo religioso é um risco enorme do qual nos aproximamos perigosamente. Só me parece um complemento ao fascismo que vi nas ruas no início do ano. Deus me livre - ou melhor - os votos  me livrem

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