Senhor, venho te pedir perdão. Sabes que o procurei nas coisas e nas palavras no templo. Apesar de tudo lembrar-me de ti, não te achei. Pedi então tua luz e tu me destes um caminho de procura. Então senhor te encontrei no bêbado caído na esquina. Os olhos que me fitaram em meio aos cabelos desgrenhados eram teus olhos a pedir ajuda e eu, apesar de me apiedar de ti, me afastei. Te encontrei no pedinte que bateu em minha porta. Suas mão sujas estendidas eram tuas mãos. Tive nojo pois Tu cheiravas mal. Tu cheiravas mal senhor. Fechei a porta e te chamei - baixinho - de vagabundo. Nada sabia de tua vida, mas te rejeitei. Te ví sentado ao lado do muro do colégio. Teus olhos estavam vidrados. Ao teu lado estavam as drogas na imundice. Não sabia de teu abandono. Não sabia do que Te afligia na infância. Te vi. Mas mudei de lado da rua. E ainda que com pena de Ti eu te julguei. Meu coração se apequenou mas minha razão Te condenou como bandido. E então senhor te vi na televisão. Estavas amarrado a um poste pois havias roubado. Não sabia que tinhas fome e estavas abandonado. E vi então que te cuspiam e batiam com uma vara. Puxavam tua barba e diziam insultos. Eras tu Senhor que revivia o martírio do calvário. Te vi assim. Mas te julguei pelos teus atos de roubar. Te critiquei e usei dos meios que havia para me zombar de ti. Fui tolo pois achei correto o que fizeram contigo. Perdão Senhor.
E hoje Senhor aprendi que Tua presença não está na riqueza. Aprendi que ser teu não significa enriquecer materialmente. Que se enriquecemos não é porque temos a Ti. É porque temos uma capacidade de fazê-lo. Uma capacidade que nos destes ao nascermos. Inata. Pura. E fazemos dela o que quisermos. Mas Tu Senhor, se manifesta na pobreza da humildade e não na falácia da prosperidade. Perdão Senhor por achar que aderir ao teu chamado iria me fazer ter coisas e me tornar mais rico. Não Senhor, Não. Aderir ao teu chamado, aprendi, é sacrificar-me ao menos um pouco pelo outro. Sem esperar nada em troca. E assim, só assim seremos mais felizes. Obrigado Senhor por abrir-me os olhos.
Perdoa Senhor, se é que posso Te pedir, aqueles que propagam uma fé na prosperidade e a usam para prosperar. São pecadores como eu Senhor. Fazei que abram os olhos e se arrependam. São cegos Senhor e vós mesmos pediste ao Pai para que os perdoassem pois não sabem o que fazem.
Te peço Senhor que me dê forças para trilhar Teu caminho. Para esquecer da doutrina da prosperidade e sempre buscar a doutrina da humildade franca. Te peço Senhor que me dê forças para vencer o mal que graça em mim e no mundo. E que eu possa te ajudar quando aparecer diariamente na figura do preso, do pobre, do desesperado, do viciado, do abandonado, do entristecido e do sem paz.
Senhor. Se aumentou meu compromisso e porque sabes que sou capaz. Mas me dê tua força, teu Espírito, para que eu persevere. E te agradeço por acreditares em mim pela Tua Graça.
Amém.