Acredite. É verdade!
Não sei se você acredita em Jesus Cristo. Mesmo porque isso não importa. Não ao menos para você, pois não? Talvez você nem acredite que a figura existiu. Mas convenhamos, se ele não existiu o escritor que o criou deveria ganhar um Nóbel de literatura. Afinal a obra é fantástica e faz sucesso a mais de dois mil anos (ou quase isso). A obra é de uma sutileza sem igual. Mas vamos a uma pequena análise desse personagem.
Jesus nasceu lá no meio de uma terra que estava sobre jugo de outro país. Roma. A toda poderosa e temida Roma. Nasceu no meio de um povo que ao mesmo tempo odiava essa semi-escravidão e onde haviam aqueles que dela se aproveitavam. Sempre foi assim. Sempre será. Ninguém sabe muito bem como ele cresceu. Os Autores dos livros que contam a mesma história sob pontos de vista diferentes não estavam muito interessados em contar sobre sua infância e adolescência. Um ou outro episódio apenas. Se resumem a tratar de um curto espaço de tempo entre seu aparecimento público e sua trágica morte.
Esse jovem trazia uma mensagem baseada em apenas uma palavra: Amor. Se dizia filho de Deus. Direto. Sem intermediários segundo os relatos dos autores. Apenas gerado como homem no ventre de uma mulher. Mas seu pai era um dos membros de um Deus trindade e que por um mistério estranho eram e ainda são um só. Nascido sob leis judias ele as respeitava. Mas trazia uma nova mensagem.
Nos livros judeus, Deus era vingativo e por vezes atacava a criatura. O relacionamento entre esse criador e sua criatura era complicado. A criatura vivia desobedecendo e Deus punia. Afogou a Terra e todos seus homens deixando apenas uma família. Transformou aliados em estátuas de sal. Destruiu cidades com bolas de fogo. Certa vez Deus dispara uma praga que mata os filhos primogênitos de centenas de famílias, envia pragas para libertar seu povo. Um exército que ia perseguindo os Judeus é afogado pelo Mar Vermelho. Soldados, generais, cavalos e cavaleiros. Todos mortos. Tudo isso parece estranho. Afinal o poder estava com o Deus e ele, segundo os livros, já havia demonstrado esse poder de diversas formas. Porque apenas não manteve a coluna que separava os Judeus dos soldados?
Mas Jesus vem com esse discurso de que Deus é amor. Se Deus é amor ele não seria vingativo. Não mataria inocentes apenas para livrar seu povo eleito. Aliás qual o motivo de Deus “eleger” um povo? Sigamos.
Esse jovem traz um discurso onde diz “amai os vossos inimigos”, “perdoai os que vos odeiam”, etc. Parece até meio óbvio que as cabeças beligerantes iriam tramar sua morte. Jesus não criou ritos ou símbolos. Não se disse dessa ou daquela religião específica. Nasceu judeu e foi judeu até a morte. Mas esteve lá no meio dos mestres e sábios para ensinar. Este é o relato dos escritores. Veio trazer a verdade que é o amor. E ele mesmo se dizia "A" verdade. Mais uma vez sua morte se faz necessária. É óbvio. Como suportar um reformista desses? Jamais!
Esse jovem ensinou que o amor se basta. E ensinou que devemos amar a Deus, seu pai. Não com aquela atitude de bater no peito e cingir a cintura. Seu ensinamento foi simples. Amar a Deus na figura do próximo. Na figura do inimigo. Mas que ousadia! Que subversivo! Dizer que Deus está a seu lado? Naquele chato? Naquele cara sacana que só quer seu mal? Ah não! Vamos crucificá-lo! Para esses inimigos eu prefiro o Deus que me vinga. Certamente esse era o pensamento dos poderosos.
Pois bem. Pois bem. Hoje temos um pouco mais do mesmo. Um senhor simpático e sorridente chamado Bergóglio que adotou o nome de Francisco, quem poderia imaginar? Um argentino de ascendência italiana. Ele está fazendo o mesmo. Dizendo as mesmas palavras. Os escritores dizem que Jesus deixou as chaves na mão de Pedro. A tradição relata que Pedro passou para Lino. Lino entregou para Anacleto. Até que um dia Bento entregou para Francisco. E esse homenzinho simples pegou a chave e resolveu abrir as portas dessa Igreja. Para quem? Para todos! Os amigos, os inimigos, os fracos, as mulheres, os homossexuais, os que não tem religião, os ateus, os necessitados. Enfim todos.
Você pode não acreditar nele também. Mas ele existe. E é Argentino. E traz a paz!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Bom dia
Bom dia!
Acordo cedo. O sol ainda amarela o horizonte. Deitado no quarto de janela aberta só percebo o muro que separa minha casa e a da vizinha. De cor amarelada pela luz e pedindo pintura. A trinca faz um desenho estranho que parece um pequeno rio visto lá do alto. O serpenteio me lembra a vida toda cheia de percalços. Levantar é um sacrifício. Então serve pensar. O que espera por mim nesse dia? Os planos que fiz decerto não acontecerão de novo. De noite ao deitar o “por fazer” ainda estará ali numa das curvas daquela trinca. Imutável. Que desafios se apresentam? Todos os dias os mesmos e os novos. Se acumulam feito sacos de carvão nas carroçarias dos caminhões. Cada dia mais alto. Até que tombam um dia qualquer. Quem encontrarei? Os mesmos rostos de sempre? E darei o mesmo e seco bom dia. Sorriso amarelo no rosto. Bom dia! Bom dia! O pedreiro que enrola um cigarro para pitar na esquina. Bom dia! Os catadores de lixo que fuçam nos sacos a procura de ouro. Bom dia! A trabalhadora apressada que todo dia quase perde a condução. Bom dia! Os idosos que esperam o carro da saúde. Bom dia com muita esperança! Os mais idosos que apenas esperam o dia de partir. Bom dia! Bom dia com voz rouca e sem forças. Uma pequena oração ainda deitado. Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor.
Os pensamentos distraídos pelo canto do bem-te-vi vão soletrando as palavras. Onde houver dúvidas que eu leve a fé. Antes do “fazei que eu procure mais” me ponho de pé. Descalço sinto o chão frio do banheiro. É dando que se recebe. Apesar da reprovação daquela imagem no espelho deixarei a barba para amanhã. Reparando aqueles tantos fios brancos que não tinha poucos anos atrás e ainda pensando: e é morrendo que se vive para a vida eterna. A vida eterna é fácil. Difícil é chegar nela dizem os teólogos. Para isso preciso tomar meu café com leite e comer aquele pão amanhecido que torro na chapa com manteiga. As palavras da pequena oração vão se perdendo e a filosofia da vida toma conta do meu dia. Roupa trocada, dentes escovados, perfume, crachá, telefone, canetas. O mesmo ritual diário. E então saio às ruas. Onde há ódio, onde há ofensa, onde há discórdia, onde há dúvida, onde há erro, onde há desespero, onde há tristeza e onde há trevas. E assim na densa nuvem da incerteza do dia sumo por entre a neblina da vida. Ainda que saiba que ao final do dia a mesma trinca esteja em meu muro, quem sabe um pouco mais crescida, me perco nas vielas do consolo, da compreensão, do perdão e da morte. Corto algumas cabeças do “por fazer” que se comporta como a Hidra de Lerna. Não me resta alternativa ao seu bafo mortal. Corto as que posso. Os encontros se repetem. Boa tarde. O Sol fechou seu arco. No ocaso resta-me amar. Profundamente. De volta aos muros. Ao quarto. À trinca. Boa noite e até amanhã.
Acordo cedo. O sol ainda amarela o horizonte. Deitado no quarto de janela aberta só percebo o muro que separa minha casa e a da vizinha. De cor amarelada pela luz e pedindo pintura. A trinca faz um desenho estranho que parece um pequeno rio visto lá do alto. O serpenteio me lembra a vida toda cheia de percalços. Levantar é um sacrifício. Então serve pensar. O que espera por mim nesse dia? Os planos que fiz decerto não acontecerão de novo. De noite ao deitar o “por fazer” ainda estará ali numa das curvas daquela trinca. Imutável. Que desafios se apresentam? Todos os dias os mesmos e os novos. Se acumulam feito sacos de carvão nas carroçarias dos caminhões. Cada dia mais alto. Até que tombam um dia qualquer. Quem encontrarei? Os mesmos rostos de sempre? E darei o mesmo e seco bom dia. Sorriso amarelo no rosto. Bom dia! Bom dia! O pedreiro que enrola um cigarro para pitar na esquina. Bom dia! Os catadores de lixo que fuçam nos sacos a procura de ouro. Bom dia! A trabalhadora apressada que todo dia quase perde a condução. Bom dia! Os idosos que esperam o carro da saúde. Bom dia com muita esperança! Os mais idosos que apenas esperam o dia de partir. Bom dia! Bom dia com voz rouca e sem forças. Uma pequena oração ainda deitado. Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor.
Os pensamentos distraídos pelo canto do bem-te-vi vão soletrando as palavras. Onde houver dúvidas que eu leve a fé. Antes do “fazei que eu procure mais” me ponho de pé. Descalço sinto o chão frio do banheiro. É dando que se recebe. Apesar da reprovação daquela imagem no espelho deixarei a barba para amanhã. Reparando aqueles tantos fios brancos que não tinha poucos anos atrás e ainda pensando: e é morrendo que se vive para a vida eterna. A vida eterna é fácil. Difícil é chegar nela dizem os teólogos. Para isso preciso tomar meu café com leite e comer aquele pão amanhecido que torro na chapa com manteiga. As palavras da pequena oração vão se perdendo e a filosofia da vida toma conta do meu dia. Roupa trocada, dentes escovados, perfume, crachá, telefone, canetas. O mesmo ritual diário. E então saio às ruas. Onde há ódio, onde há ofensa, onde há discórdia, onde há dúvida, onde há erro, onde há desespero, onde há tristeza e onde há trevas. E assim na densa nuvem da incerteza do dia sumo por entre a neblina da vida. Ainda que saiba que ao final do dia a mesma trinca esteja em meu muro, quem sabe um pouco mais crescida, me perco nas vielas do consolo, da compreensão, do perdão e da morte. Corto algumas cabeças do “por fazer” que se comporta como a Hidra de Lerna. Não me resta alternativa ao seu bafo mortal. Corto as que posso. Os encontros se repetem. Boa tarde. O Sol fechou seu arco. No ocaso resta-me amar. Profundamente. De volta aos muros. Ao quarto. À trinca. Boa noite e até amanhã.
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