sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Não abra as portas do fascismo, feche as portas da generalização.

Li outro dia um post no face que dizia algo assim:
Todo político é safado e ladrão.Todo pastor é ladrão.Todo padre é pedófilo.Toda mulher com shortinho é puta(...)

Generalizar. Como é triste isso. Poderia escrever aqui:
Todo funcionário público é vagabundo. Todo baiano é preguiçoso. Todo nordestino é folgado. Todo gaúcho é arrogante. Todo francês é estúpido. Todo americano é ignorante. Todo cubano come criancinha.

Onde quer que eu generalize eu vou ferir uma pessoa. Quem sabe todo um grupo delas. Criar estereótipos e descer a lenha neles é fácil. Difícil é quando estamos no meio deles (no meu caso como funcionário público).
Esse tipo de abordagem foi muito usado pelos fascistas.
Todo judeu é ladrão!
A frase acima te lembra alguma coisa?. Existem variações: não são todos, só 80%. Mas essas variações carecem de fundamentos. Existem as mais elaboradas:
Todo artista de circo que se torna deputado é burro. Todo jogador que disputa a eleição tem somente interesse próprio.
Assim vão aumentando as "verdades":
todo padre que se interessa por política é um frustrado.

Mas na verdade basta eu conhecer um caso que rotulo toda uma raça. Basta a mídia martelar todo dia. No jornal das 8h, 7h sei lá. Mostra-se um padre pedófilo hoje na emissora evangélica, amanhã, depois. As vezes a mesma gororoba que sobrou de ontem que volta requentada numa panela diferente. Pronto: todo padre é pedófilo. Ou aqueles poucos deputados que estão envolvidos nesse ou naquele caso. Não importa se existem provas. O importante é bater dia após dia. Sem dó. Pronto: todo político é corrupto.

Sua cabeça não foi feita somente para usar boné. Todo mundo tem dentro dela um cérebro que, uns mais que outros, funciona muito bem quando pensamos, lemos, avaliamos e concluímos coisas. Dizia minha sogra: "antes de abrir a boca ligue o cérebro". Posso complementar assim: antes de escrever algo ligue o cérebro. Antes de generalizar tome cuidado porque você terá amigos, parentes ou até você mesmo no meio do caldeirão onde você coloca todos.

É sempre bom lembrar que sua generalização sobre os analfabetos ou semi-analfabetos políticos pode ter dado com os burros n'água. Um exemplo é o Dep. Tiririca que é considerado o nono melhor político do Brasil pelo site Ranking Político. Nesse site a maioria dos deputados federais é considerada regular, boa ou ótima. Poucos tem pontuações deploráveis. Da mesma maneira chamar os filiados ao PT de petralhas é generalização burra. Tucanalha também é bobagem. Tem gente boa e gente ruim e corrupta em todo lugar. Não abra as portas do fascismo, feche as portas da generalização. Se continuar assim um dia você pode estar do lado de dentro de um campo de concentração.

Anda Rasgando Travesseiros num Furacão?

Por vezes penso em deixar algumas redes sociais. O que me chateia profundamente são as mentiras. Imagine a seguinte situação:

João não gosta de Lucas. Alguém publica uma notícia que fala mal de Lucas. João quase chega ao orgasmo de tanta felicidade. Pega a notícia e a divulga sem confirmar nada. Algumas informações da notícia chegam a ser até meio inverossímeis. Mas afinal, pensa João, foi publicado na internet, deve ser verdade. Quando Pedro avisa João que a notícia é falsa (totalmente ou em partes) João até faz o 'mea culpa'. Mas o estrago já está feito e o travesseiro já foi depenado ao vento.

Antes da internet isso acontecia pela chamada "rádio peão" ou pelas fofoqueiras de rua. A notícia dava voltas e voltas. Acontecia que depois de um tempo, as vezes anos, ela voltava a baila. Já havia até sido desmentida, mas qual, voltava com força total. Hoje a notícia não fica presa a uma cidade, um bairro. Ela voa pelas redes sociais. A mentira, as calúnias, as ilações seguem no mesmo rumo.

Segundo a wikipédia isso é um hoax ("embuste" numa tradução literal, ou farsa), histórias falsas recebidas por e-mail, redes sociais, etc. Vejo pessoas de bem, muito próximas, muitos religiosos que propagam essas notícias como verdade absolutas.

O que mais incomoda é que órgãos de imprensa que deveriam estar protegidos dessa praga correm em sentido contrário. Propagam essas bobagens que passam a se tornar uma "verdadezinha". Diriam os mais incautos: "é verdade, eu li no jornal X". Outros fazem-se valer de jornalistas "blogueiros" que emitem suas opiniões, sem fatos concretos que o embasem. Assustador. Você pode me perguntar: como evitar isso? Respondo: procure levantar a verdade. Dá trabalho. Se não tiver certeza ao menos espere. A verdade acaba aparecendo.

Ah, meu amigo e meus inimigos, a ânsia de "detonar" com aqueles a quem você não suporta lhe faz acelerar a divulgação das calúnias, não é? Deixe disso! Entenda que eu estou cansando de lhe informar a verdade a cada postagem sua. Saiba ainda que não existe pecado pior do que a calúnia, a mentira que você divulga, mesmo sendo sobre seu inimigo. Vamos lembrar de um fato "incontestável" divulgado pela imprensa anos atrás. Uma mentira que todos acreditavam. O caso da Escola de Base. Simplesmente destruiu a vida de 6 pessoas. DESTRUIU!!!! Coisas assim hoje são consideradas normais pela maioria das pessoas. Ainda que aleguem que não, elas fazem isso todo o dia.



Por tudo isso eu gostaria de dizer o seguinte: você pode não gostar do PT, do PSDB, da Dilma, do Lula, do FHC, do Serra, do Aécio, da Marina, do seu vizinho, do seu prefeito, do Joaquim Barbosa, de Jesus Cristo, dos Católicos, dos Evangélicos, do Pastor que prega ao lado de sua casa, do diabo, da sua mãe, etc etc etc, diga que não gosta, explique porque não gosta, coloque seus ARGUMENTOS. Mas use de FATOS reais. Mas não use mentiras. Não propague mentiras. Deixe de ser mané!!!! Isso cansa.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Inveja é Uma Merda!

Não usaria as mesmas palavras mas diria as mesmas coisas. Uso naquilo que acredito.



Sugiro que dêem uma lida no blog do cafezinho: "morreu pela boca"

A César o que é de César!

Não acredito que Deus nos dê coisas. Deus não é injusto, logo ele não daria privilégio a uns em detrimento de outros. Ao meu ver Deus nos dá capacidades, dons. Esses dons e capacidades nos permitem trabalhar para obter coisas. Não me conformo com essas igrejas que pregam a teologia da prosperidade. Deus também nos dá algumas coisas que por vezes fingimos não saber, mas lá no fundo de nossa alma fala: a obrigação de compartilhar nossos dons e nossas riquezas. Compartilhar o dom é educar! Aprendemos pelo estudo pois os dons que recebemos nos permitem. Assim melhoramos de vida ao usar corretamente, honestamente, nossos dons. Passamos a dever um obrigado a Deus. Pois bem. Alguns dizem um muito obrigado a Deus. Fazem lá suas orações de agradecimento. Necessárias sem dúvida, mas é apenas uma parte de uma obrigação. Então devemos educar. Multiplicar nossos dons como na parábola dos talentos. Para isso precisamos agir de duas formas:

1) Ensinar como fazer;
2) dar condições para que seja feito.

Dar condições significa ajudar materialmente. Os humanos tem necessidades para viver e sobreviver. Ensinar educando. De preferência pelo exemplo aliado a questões técnicas.

Pedir para Deus que os dons sejam multiplicados tem valor. Muito valor. Pedir para Deus que dê coisas, quer seja pra mim, quer seja para os outros eu não acredito que dê resultados. Os dons são saúde, paz interior (por que a exterior é obrigação dos homens), paciência, sabedoria, mansidão, etc. Lembrem-se dos dons do Espírito Santo. Dessa forma nos tornamos capazes de mudar o mundo, usando bem esses dons, ou destruí-lo, usando-os de forma inadequada. Esse é o livre arbítrio. Escolhemos nossos caminhos. O arrependimento acontece quando observamos que trilhamos por um tempo o caminho errado, usamos de forma errada nossos dons. Por isso o perdão é incompreendido. Pensamos: "fiz o mal e pedi perdão, por que eu ainda me sinto assim tão mal?". Porque é preciso voltar por uma trilha onde já passamos. Isso significa ver tudo de novo, e sofrer por isso.

De fato esse meu pensamento independe de sus religião. Essas interpretações "materiais" da Bíblia levam a essas teorias de prosperidade. Acho que Jesus fez questão de separar essas duas coisas, materiais e espirituais, de forma bem clara. Dar a César o que é de César, o material, o dinheiro, as coisas, e a Deus o que é de Deus, os dons do Espírito.

A história do PM que bateu no delegado revela como é profunda a crise na segurança em SP

A crise na segurança pública, especialmente em São Paulo já é um clássico digno de Hollywood. A polícia precisa ser desmilitarizada. Os policiais melhor preparados. Mas antes de tudo o estado precisa pagar mais e melhor para aqueles que deveriam nos defender expondo suas próprias vidas. Mas enfim, enquanto isso não acontece cenas inconcebíveis como essa acabam acontecendo. É uma notícia do Estadão publicada no blog "SP no Divã". Aqui o texto de uma corporação acéfala, acuada e usada de maneira política:

Poderia ser mais um fato isolado, resultado do cotidiano estressante da carreira dos policiais que atuam em São Paulo. Mas não é só isso. A história do delegado de 49 anos que apanhou de policiais militares da Rota na última quinta-feira, em Rio Claro, no interior de São Paulo, revela a profundidade da crise estrutural de nossas polícias e a necessidade de reformas. As promessas de aproximação entre as corporações são antigas, tem quase 40 anos, mas policiais militares e civis ainda agem como se fossem rivais.

Eram 19 horas da última quinta-feira quando PMs da Rota chegaram à delegacia em Rio Claro levando um suspeito que eles acreditavam ser procurado pela Justiça. O delegado fez a pesquisa no sistema e viu que os PMs estavam enganados. Um mandado havia sido expedido em junho e foi cumprido dois meses depois. Não havia nenhum novo pedido na Justiça, o que significava que o suspeito não podia ser preso. Era o motivo para o clima começar a esquentar na sala do plantão. O soldado da Rota insistiu e disse que o sistema havia se enganado. O delgado mostrou os dados ao policial, que não se deu por satisfeito.

O tenente da Rota que acompanhava a cena ao lado começou a rir e a debochar do delegado, que perguntou o motivo das risadas. Ouviu em resposta: “Aqui é Rota e aí é bandido. Água e óleo não se misturam”. Ao mesmo tempo, o tenente apontou uma pistola ponto 40 para o delegado. Advogados e cidadãos que estavam na delegacia acompanharam o barraco. O oficial disse ainda que o delegado era um “bost..” e saiu junto com seus comandados para a varanda da delegacia.

O delegado foi atrás dos PMs para se certificar do nome dos que o agrediam. O tenente fez menção de esfregar seu uniforme na cara do delegado. Em seguida, empurrou o delegado com as duas mãos contra seu peito. O óculos do delegado caiu no chão. Nesse momento, os outros policiais pisaram nos óculos, que quebrou. Alguns advogados no plantão chegaram a filmar a cena com celulares, mas também foram ameaçados pelos PMs. Apesar de agredido, o delegado diz que não deu voz de prisão aos militares por causa das ameaças e pressões que sofreu.

O delegado registrou o boletim de ocorrência, que este blog teve acesso e usou para descrever a cena. Este registro também foi enviado aos comandos e corregedorias das duas polícias. O blog entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e com a PM para saber dos desdobramentos do caso.

Quando, em 2006, eu escrevi o livro O Homem X – Uma reportagem sobre a alma do assassino em SP, entrevistei policiais que mataram e participaram de grupos de extermínio nos anos 1980 e 1990. Alguns explicaram que a desconfiança dos policiais civis era um dos motivos para que eles “matassem os ladrões”. Na crença dos PMs, de nada adiantava prender ”o vagabundo”, que depois seria solto na delegacia em troca de propina. Depoimento semelhante foi dado depois ao coronel Adilson Paes de Souza, que também entrevistou PMs homicidas em sua dissertação no curso de direito do Largo S. Francisco da USP. Matando, eles faziam justiça privada, ação que encaravam como um atalho para a lentidão da justiça.

Os PMs não tiravam essa ideia da estratosfera, mas da realidade observada nas ruas. Não era à toa a desconfiança junto aos delegados.

O grave é que tudo continua igual, assim como essa tensão entre as corporações permanece até hoje. A briga entre Rota e delegado foi só a explosão de um sintoma do problema. Não é à toa que permanece caótica a capacidade do Estado em punir aqueles que praticam crimes graves. E não é por menos que os roubos seguem em ascensão contínua, como mostram mensalmente os dados oficiais do Governo de SP.

A reforma das Polícias e temas relacionados à segurança pública é um tema que este ano devem fazer parte dos debates para presidente. Os três últimos presidentes se omitiram temendo prejuízos políticos que o assunto poderia trazer aos seus mandatos. Não é mais possível se omitir.

(...)

Segue o vídeo que o autor descreve a PEC 51. Interessante.